História

O Museu do Brinquedo da Ilha de Santa Catarina foi criado em setembro de 1999, através do Núcleo Infância Comunicação e Arte (NICA) sob o patrocínio de pesquisa do PPGE, “Representação da Infância no Período Moderno”, aprovada e patrocinada pelo CNPq e também sob orientação da UFSC, no Museu Universitário Prof. Osvaldo de Mello Cabral, o que possibilitou a abertura de um espaço pedagógico e cultural de incalculável dimensão.

Além do registro da memória cultural de uma época e da preservação de suas condições de vida através da guarda adequada de objetos de infância, a presença um museu com tais características proporciona, às gerações atuais e futuras, a possibilidade de estudos de identificação do universo pessoal e social da existência humana.

Se os brinquedos antigos nos permitem compreender o mundo infantil de épocas passadas, os atuais nos permite registrar o mundo de agora. Nesta simples constatação já se pode vislumbrar duas características bastante diferenciadas:  o ato de brincar com brinquedos antigos elabora um "tempo interno" demorado e amplo, se comparado àquele dos brinquedos eletrônicos.

A relação criança-brinquedo, estabelecida através dos brinquedos que proporcionam um contato mais próximo (como a boneca, o carrinho de rodas, o cavalinho de pau, por exemplo), não desenvolvem apenas uma brincadeira, mas cria um espaço de afetividade, de sentimento com o objeto.

O mesmo se pode constatar com os brinquedos eletrônicos, porém num outro tempo de aferimento e envolvimento afetivo: a relação rápida e eficaz no trato com o brincar, passando de uma situação à outra, imediatamente, elabora um tempo interno diferente. Mas este tempo (como o outro, o dos brinquedos “antigos”) desenvolve determinadas capacidades que, se ausentes da vida do ser humano, interferirão diretamente no seu processo de crescimento e humanização.

É de se salientar também que, nas brincadeiras em grupo (bolinha de gude ou de vidro, jogos de amarelinha, casinha, bola, ciranda, gangorra, pião, parque infantil, etc ) a relação com o brincar se dá de outra maneira: passa por um terceiro ou parceiros, cuja presença divide o tempo de brincar e estabelece outra relação e sentimentos; o mundo da criança, aqui, está sendo compartilhado e o brinquedo e parceiro elaboram um mundo de sentimentos e ações de significado sócio-afetivo novo e criativo.

Se atentarmos para o que significa o mundo sem a presença do brinquedo e da brincadeira, poderemos antever hipoteticamente uma vida cinza e fria, sem infância e sem cor, destituída de alegria, projetos de felicidade e calor humano.

Guardar brinquedos num lugar público de fácil acesso, além de abrir o mundo infantil aos olhos da criança e adultos através de espaços estrategicamente montados para sua apreciação e criados para uma vivência cultural significativa é, no mínimo, uma resposta de valorização do mundo infantil e de respeito ao mundo adulto que, através de diferentes vias, é resultado de um tempo de infância.