sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Os 10 anos do Museu do Brinquedo da Ilha de Santa Catarina


III Animando o Museu do Brinquedo: O invisível acontece

Realizado em 16 de novembro de 2009
Auditório do CED/UFSC
14 às 18 horas

"O mundo da infância, aqui, está sendo compartilhado, e os brinquedos e os parceiros elaboram um mundo de sentimentos e ações com novos significados sócio-afetivos.

(...) O ato pedagógico de “guardar” brinquedos num lugar público e de fácil acesso possibilita abrir o mundo infantil aos olhos das crianças e de adultos. Se atentarmos para o que significa um mundo sem a presença do brinquedo, podemos antever uma vida cinzenta e fria, sem a cor da infância, destituída de alegria e de projetos de felicidade e de calor humano...

(...) Além do registro da memória cultural de um povo e da preservação de suas condições de vida através da guarda adequada de objetos da infância, a presença de um Museu com tais características proporciona, às gerações atuais e futuras, a possibilidade de estudos de identificação do universo pessoal e social da existência humana".

Telma Piacentini
Criadora do Museu do Brinquedo da Ilha de Santa Catarina





Fotos: Leo Nogueira

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O Itinerário da Magia nas Brincadeiras Infantis da Ilha de Santa Catarina


"Este é um livro imprescindível para quem estuda a infância na cultura brasileira, os laços entre arte, cotidiano e memória, e principalmente para quem deseja conhecer melhor as raízes do imaginário tradicional da Ilha de Santa Catarina.

A autora Telma Piacentini, em linda prosa poética, nos conta do profundo estudo que fez sobre as brincadeiras infantis representadas no rico acervo de estatuetas em argila esculpidas a partir dos anos 1940 por Franklin Cascaes, artista, escritor e pesquisador nascido um século atrás na região da Ilha. O batizado da boneca, a perna de pau, o cavalinho de folha de palmeira e tantas outras brincadeiras das crianças da Ilha que despertaram a atenção do artista-pesquisador, são examinados com igual delicadeza por essa pesquisadora-artista. Se Cascaes ainda circula invisível por aí, montado num boitatá alado, hoje deve estar radiante, ao ver o quanto seu trabalho foi reanimado pelo olhar atento da autora, que assim se mostra parceira dele na valorização da memória luso-açoriana, negra e indígena do litoral catarinense.

A sensibilidade da pesquisadora, doutora em Educação, é também argúcia analítica: ela nos ajuda a ver o material, organiza-o teoricamente, aponta significados e relações a partir de pensadores da infância e da memória cultural, como Walter Benjamin, de poetas como Rilke, dos estudos contemporâneos da infância e da brincadeira, e de uma galeria de pintores - de Brueghel e Donatello a Portinari e Glauco Rodrigues - que também retrataram crianças brincando. Ela descobre em Cascaes toda uma pedagogia, feita de paciência e atenta às pequenas fulgurações da criação cotidiana das crianças. Nesse sentido, o livro faz parte de um conjunto de trabalhos que nos últimos anos vem colocando Cascaes no lugar que ele merece: o de um grande artista brasileiro.

Em tempos como o nosso, em que a expressão “Ilha da Magia” foi banalizada pelo marketing, e diante do rolo compressor da urbanização descontrolada, um livro como este é especialmente necessário e politicamente contundente. Ele nos ajuda a parar, a sentir, a olhar melhor para o que está à nossa volta e para os presentes da história. Telma Piacentini nos dá a ver um outro sentido da “magia” da cultura tradicional da região, um sentido que Cascaes também via, e que tem relação com os mistérios da memória e com a potência criadora sempre renovada da imaginação infantil".

Profa. Dra. Gilka Girardello

"Orelha" do livro, março de 2010.


Leia também "Livro e calçada lúdica relembram brincadeiras infantis na Ilha", na página da prefeitura Municipal de florianópolis, clicando aqui.

A Criação do Museu do Brinquedo da Ilha de Santa Catarina da Universidade Federal de Santa Catarina

MBISC . Acervo . Casal boliviano . Foto Ariane Azambuja

"O Museu do Brinquedo da Ilha de Santa Catarina nasce, em Florianópolis, em 1999, de uma “coleção de bonecas e de brinquedos doados” (VALENÇA, 2006, p. 323) mas seu acervo, além da formação através de doações, tem particularidades e trajetórias que precisam ser explicitadas, para serem melhor compreendidas.

A primeira delas e ponto de partida refere-se à pesquisa elaborada através do projeto aprovado na Pró-Reitoria  de Cultura e Extensão da UFSC, em 1988, cuja análise central percorreu as brincadeiras infantis reproduzidas nas esculturas de Franklin Cascaes. Essa pesquisa, que possibilitou a elaboração de uma “pedagogia da imagem”, resultou em um Álbum-Relato, intitulado Educação: Brincadeiras Infantis, Criança e Trabalho, 1990, além de um arquivo fotográco instalado no Museu Universitário/UFSC (fotos realizadas por Sérgio P. Paiva – 1989).

Concluímos,  nessa pesquisa, que ao fazer o registro de época através de esculturas de argila a partir da década de 40, Cascaes transportou para nossos dias a mesma magia, renovada porque continua presente não só como memória cultural, mas no cotidiano de nossas crianças, e seu trabalho transpõe épocas, como se conrma no material utilizado para trabalhos teóricos sobre brinquedos e brincadeiras na educação infantil, no PPGE/Pós-Graduação do CED/UFSC, a partir das imagens do acervo dessa temática presente no Museu Universitário.

Já em 1992, a proposta de criação do Museu, através do processo PRA-DSG – Protocolo n. 1-12/1992, foi considerada positiva, mas sem condições de implantação naquele momento, pois o Museu Universitário tinha  demanda s   urgentes  para   com o  acervo   existente   e,  mesmo considerando a proposta interessante, apontava-se para a possibilidade de aguardar condições favoráveis".

Leia o texto completo na página da Revista Perspectiva da UFSc clicando aqui.

Franklin Cascaes e o Museu do Brinquedo


O Museu do Brinquedo da Ilha de Santa Catarina foi idealizado pela Profa. Dra. Telma Anita Piacentini, em setembro de 1999, como um Projeto de Extensão Universitária. “O principal mobilizador da criação do Museu do Brinquedo foi o Franklin Cascaes, com a sua coleção de brincadeiras infantis”. Atualmente, abriga um acervo constituído por 144 peças oriundas das mais diversas regiões (Itália, México, China, Canadá, Nova York, Peru, Indonésia, França, Guatemala, Bolívia, Porto Rico, Nicarágua e Brasil): brinquedos de madeira, cerâmica, porcelana, tecido e outros. Há bonecas(os), marionetes, piões, ioiôs, bilboquês, petecas e carrinhos – objetos catalogados e, em grande parte, expostos na Biblioteca Universitária. As peças que não estão em exposição ficam guardadas na reserva técnica do Museu Universitário.

Com relação ao Museu, Piacentini relata que:

O mundo da infância, aqui, está sendo compartilhado, e os brinquedos e os parceiros elaboram um mundo de sentimentos e ações com novos significados sócio-afetivos. (...) O ato pedagógico de “guardar” brinquedos num lugar público e de fácil acesso possibilita abrir o mundo infantil aos olhos das crianças e de adultos. Se atentarmos para o que significa um mundo sem a presença do brinquedo, podemos antever uma vida cinzenta e fria, sem a cor da infância, destituída de alegria e de projetos de felicidade e de calor humano (2005, p. 6).

Para Piacentini:

Além do registro da memória cultural de um povo e da preservação de suas condições de vida através da guarda adequada de objetos da infância, a presença de um Museu com tais características proporciona, às gerações atuais e futuras, a possibilidade de estudos de identificação do universo pessoal e social da existência humana (idem, p. 5 – grifo no original).